Aclamada pela crítica e com uma impressionante aprovação de 97% no Rotten Tomatoes, a nova série Alien: Earth, do Hulu, provou que é possível revitalizar uma franquia clássica com frescor e qualidade. Escrita e dirigida por Noah Hawley, a produção foi tão bem recebida que os fãs já clamam por novas temporadas. Diante desse sucesso, fica a pergunta: o que uma gigante como Star Wars pode aprender com essa nova abordagem? Embora a saga já tenha tido um ponto fora da curva com a excelente Andor, a franquia como um todo poderia se beneficiar de algumas das estratégias que tornaram Alien: Earth um triunfo.
A História Acima da Continuidade
Um dos maiores méritos de Alien: Earth é sua coragem de trilhar um caminho narrativo próprio. Mesmo se passando entre filmes já existentes da franquia, a série não sentiu a necessidade de fazer referências constantes a Prometheus ou Covenant, nem mesmo ao filme original Alien (cujos eventos ocorrem apenas dois anos depois na cronologia). A história contada por Hawley é o foco principal, e a decisão de não gastar tempo de tela precioso para amarrar todas as pontas com projetos anteriores é revigorante.
Esta é uma lição valiosa para Star Wars, que muitas vezes parece mais preocupada em como uma nova história se encaixa na vasta continuidade do que em contar uma boa história por si só. A saga precisa encontrar mais espaços em sua cronologia onde o roteiro possa respirar e ter prioridade, sem que cada detalhe seja subjugado pela necessidade de conexão. A nova série Alien prova que é possível pertencer a um universo maior sem sacrificar uma narrativa única e dinâmica.
Nostalgia como Tempero, Não como Prato Principal
Claro, Alien: Earth está repleta de elementos familiares para os fãs: a corporação Weyland-Yutani, os fuzis de pulso, os xenomorfos e até mesmo a icônica sala MU/TH/UR a bordo da nave USCSS Maginot. No entanto, essa nostalgia nunca é colocada em primeiro plano a ponto de se tornar uma distração. Pelo contrário, ela serve como pano de fundo para a introdução de novos conceitos, criaturas e tecnologias que expandem o universo.
Nesse quesito, vale o crédito de que Andor fez um trabalho excepcional, incorporando X-Wings e TIE Fighters sem deixar que ofuscassem a introdução de novos planetas e culturas. Ainda assim, uma menor dependência da nostalgia é algo que a franquia Star Wars como um todo precisa aprender, especialmente com seu retorno aos cinemas se aproximando e as dúvidas que o primeiro trailer de The Mandalorian and Grogu já levanta sobre o excesso de familiaridade.
Personagens com Profundidade e Alma
Ao final da temporada, o público compreende a personalidade, as lutas, as falhas e as motivações de quase todos os protagonistas. Wendy/Marcy luta com sua identidade híbrida, determinada a forjar seu próprio caminho. O CEO Boy Kavalier é movido por um ego extremo em sua busca pela imortalidade tecnológica. Essa complexidade é fundamental para criar uma conexão real com a audiência.
Essa profundidade se estende a todo o elenco, como no caso de Jonathan Ajayi, que interpreta Smee. Em entrevista recente, o ator londrino revelou como deu vida a um personagem que é, em essência, uma criança no corpo de um adulto. Para Ajayi, o momento chave para entender Smee foi uma cena envolvendo “o abraço de gente grande”. Ele explica: “Isso me mostrou como ele vê o mundo. Ele se entende, e é por isso que ele é o mais integrado ao seu novo corpo. A força da Wendy é a violência e a conexão com os xenomorfos, mas a força de Smee é o seu coração e o quanto ele ama seus amigos.” Essa construção cuidadosa de personagens é o que transforma uma história de ficção científica em um drama humano envolvente.
A Imersão Criada nos Bastidores
O sucesso de Alien: Earth não se deve apenas ao roteiro, mas também a uma execução primorosa. O ator Jonathan Ajayi descreve a experiência de trabalhar com o diretor Noah Hawley como “incrível” e “surreal”. Fã de Hawley desde a primeira temporada de Fargo, Ajayi se viu imerso em um universo que antes só conhecia pelas telas.
Ele destaca a magia dos cenários práticos, especialmente em uma cena do segundo episódio: “Havia correntes penduradas no teto, cubos gigantes cobertos de musgo com silhuetas dentro e ovos de xenomorfos enormes. Fiquei chocado com o tamanho deles.” Antes de cada tomada, a equipe de design adicionava fumaça e balançava as correntes para criar a atmosfera perfeita. “O design prático dos cenários foi um sonho para qualquer ator. Cada dia parecia um presente”, afirma ele. Essa dedicação aos detalhes práticos se traduz em uma imersão que efeitos digitais nem sempre conseguem replicar, algo que Star Wars já fez com maestria no passado e do qual deveria sempre se lembrar.